quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lignotúber: o que é e para que serve nos eucaliptos...

Fonte: Celso Foelkel (Edição 28/junho 2010 - EUCALYPTUS – ONLINE BOOK & NEWSLETTER)

Lignotúbers ou lignotubérculos são estruturas desenvolvidas por algumas espécies de vegetais para se adaptarem e resistirem a condições adversas do ambiente onde vivem ou viveram no passado ao longo de seu desenvolvimento. Eles aparecem inicialmente nos indivíduos jovens como pequenos caroços ou protuberâncias próximas ao colo ou coleto das plantas. Isso porque se formam preferencialmente nas axilas dos cotilédones; portanto são encontrados especialmente nas plantas seminais (originadas de sementes). Existem evidências de que a capacidade de formação de lignotúbers não é restrita apenas à região cotiledonar, mas que eles podem também ocorrer em nódulos ligeiramente acima do nódulo cotiledonar em algumas plantas, inclusive nos eucaliptos. Por essa razão, brotações jovens, colhidas como estacas diretamente do lignotúber, podem também vir a desenvolver lignotúbers, quando propagadas vegetativamente por estaquia. Esse fenômeno acabou sendo denominado de "efeito de posição para a formação de lignotúber", tirando assim a exclusividade da formação de lignotúber apenas em plantas seminais. A própria indução de formação de lignotúbers tem sido realizada com sucesso por diversos pesquisadores. Entretanto, esses conhecimentos não têm sido ainda transformados em resultados práticos na propagação vegetativa dos eucaliptos.

A missão principal do lignotúber é oferecer ao vegetal a capacidade de se defender e sobreviver das intempéries do clima ou da ação antrópica e de predadores: déficit hídrico, geadas, fogo florestal, ataque de pragas, corte das árvores na silvicultura, derrubada das árvores por ventos fortes, etc.

A anatomia das células dessa estrutura indica que o lignotúber apresenta os mesmos tecidos que qualquer planta lenhosa: câmbio, floema, cerne, alburno, parênquimas e canais de goma. Portanto, anatomicamente o lignotúber não diferiria de outras partes do caule. Entretanto, as diferenças do lignotúber e do restante do caule são quantitativas: temos no lignotúber uma proporção muito maior de células parenquimatosas de reserva e uma grande concentração de gemas dormentes e protegidas de tecido meristemático. Isso sugere que o lignotúber tem dupla função: ser um órgão de reserva (dai a origem do nome lignotubérculo) e ter uma enorme capacidade de brotação de gemas, no caso de algum dano ao caule da planta. Quando a parte aérea da planta sofre algum dano grave, até mesmo sua remoção pela colheita da árvore, o lignotúber passa a ser vital para a sobrevivência do vegetal. As gemas dormentes, valendo-se das substâncias de reserva próximas, passam a se desenvolver rapidamente para substituir o caule danificado ou removido da planta. Portanto, plantas com lignotúber possuem alta capacidade de brotação e regeneração após a perda da sua parte aérea viva. Entretanto, plantas sem lignotúber também podem brotar, mas os cuidados com a fisiologia e recursos para favorecimento dessa brotação devem ser conhecidos e aplicados para maior chance de sucesso nesse tipo de propagação e manejo florestal.

Os lignotúbers são importantes órgãos regenerativos de alguns vegetais, não apenas para as condições naturais, como também devem ser conhecidos e utilizados para melhorar o manejo das plantas em condições de plantios comerciais. Dentre esses conhecimentos sugere-se que sejam observados fatores tais como: altura de corte da árvore na colheita, integridade da cepa, fatores de clima como insolação e calor e respeito à região do lignotúber.

Apesar dessa intensa capacidade regenerativa e de formação de brotos, não existem evidências de que o lignotúber se constitua em uma vantagem para maiores percentagens de formação de propágulos pela técnica da cultura de tecidos vegetais. A multiplicação vegetativa desse órgão em relação a outras partes normalmente usadas por essa técnica não tem mostrado vantagens evidentes para o lignotúber.

Os lignotúbers são freqüentes em espécies de eucaliptos, tanto no gênero Eucalyptus,como Corymbia. As espécies Eucalyptus urophylla, E.robusta, E.tereticornis, E.saligna; E. globulus, E.cinerea, E. obliqua e Corymbia citriodora em geral apresentam claramente o lignotúber em mudas jovens seminais. O mesmo ocorre para alguns híbridos, como o conhecido Eucalyptus urograndis. Algumas espécies podem não apresentar o lignotúber, pois essa formação tem origem genética. Há casos, por exemplo, onde E.grandisapresenta e outros onde não apresenta lignotúber (na maioria das situações). Quando a espécie não mostra lignotúber, a rebrota e condução das plantas devem ser mais cuidadosamente manejadas e gerenciadas. O corte das árvores deve ser mais criterioso em altura e também se deve evitar danificar a casca para garantir boa rebrota. Ou seja, a inexistência de lignotúber não indica incapacidade de brotação, apenas que maiores cuidados devem ser tomados na condução da brotação. Por outro lado, não é pela simples razão que a planta possui lignotúber que se possa negligenciar esses mesmos fatores de gestão silvicultural para melhor rebrota.

As espécies de eucaliptos que possuem lignotúbers tendem a ser mais tolerantes ao frio, seca e ao desfolhamento por geadas, lagartas predadoras, etc. Já espécies que não possuem lignotúbers compensam fisiologicamente essa deficiência pela muito maior produção de sementes na busca de preservação de seus genes, mais uma notável sabedoria da mãe Natureza.

Além da presença do lignotúber (que se traduz em uma virtude nas mudas), o produtor de mudas florestais deve prestar muita atenção no diâmetro das plantinhas na altura do coleto. Há fortes evidências que as mudas mais grossas nessa região são mais resistentes no campo e possuem assim maior percentagem de pegamento. Tais mudas apresentam inclusive maior capacidade de brotação, caso sejam danificadas mecanicamente ou vítimas de alguma praga que coma suas folhas e ramos aéreos, mas deixem intacto o lignotúber.

O lignotúber, que lembra um caroço ou galha de predador na muda jovem, vai perdendo gradualmente esse formato conforme as árvores da floresta plantada de eucalipto crescem em condições favoráveis de meio ambiente. Quando a planta atinge cerca de 4 a 5 metros de altura, praticamente já não se nota mais nenhum tipo de formação globosa ou de protuberância na região do colo da árvore, nas proximidades do solo. Entretanto, essa região mantém as suas características de lignotúber: reserva alimentícia e gemas em abundância. Na eventualidade de um dano à parte aérea dessa árvore, o lignotúber entra em ação lançando brotos para recuperar a árvore.

No caso da rebrota do lignotúber, muitos brotos tendem a surgir rápida e imediatamente, sem haver clara dominância apical de um deles. Caso a desbrota não seja eficientemente manejada e realizada com ciência após a colheita florestal, podemos ter inúmeros brotos finos e até mesmo tortuosos, conduzindo a um aspecto envassourado à planta. Os operadores da colheita e da silvicultura devem portanto conhecer muito bem e respeitar essa característica das plantas de alguns eucaliptos, para favorecer um manejo bem sucedido da brotação e da condução de novo povoamento a partir desses brotos.

As plantas adultas de eucaliptos não mostram portanto evidências morfológicas de seu lignotúber, a menos que sejam constantemente danificadas ou injuriadas por severos estresses consecutivos. Nesses casos, o lignotúber pode-se desenvolver em tubérculos desuniformes superficiais ou ligeiramente abaixo da superfície do solo, quando a planta vive em condições de extremas e severas condições para vegetação. Por exemplo, quando a floresta sofre inúmeros e sucessivos incêndios com morte freqüente da sua parte aérea.

Lignotúbers não são privilégios dos eucaliptos. Eles existem em diversos outros grupos taxonômicos de plantas. Em algumas situações de plantas que vivem em condições de extremo rigor, os lignotúbers transformam-se em estruturas até mais importantes que o próprio caule das árvores, dando um aspecto até mesmo surrealista à planta, pelo desenvolvimento de um enorme e disforme tubérculo semi-enterrado no solo. Esse não é definitivamente o caso dos eucaliptos nas condições de plantações comerciais, onde o lignotúber não exerce um papel mais relevante ao longo da rotação, exceto quando da colheita da árvore, quando suas gemas dormentes são ativadas e crescem como brotos.

Ao trocar idéias acerca do lignotúber com o grande "Amigos dos Eucaliptos", engenheiro florestal Teotônio Francisco de Assis, ele nos trouxe como sempre a sua sabedoria com as colocações técnicas que tomei a liberdade de reproduzir a vocês para encerrar essa seção:

"A maioria das espécies de eucaliptos têm lignotúber, mas apenas em algumas eles aparecem de forma mais evidente. Eles não são uma anormalidade e sim um mecanismo que as plantas de eucalipto e algumas outras espécies da família Myrtaceae desenvolveram para sobreviver após estresses como seca, geada, quebra do caule, ataque de insetos, doenças etc. É um artifício fisiológico das plantas para rebrotar profusamente. Não é um defeito e sim uma virtude."

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Produção de florestas com qualidade: Plantio em Gel Hidrorretentor

O gel é um polímero retentor de água que, incorporado ao solo ou substrato, absorve e retém grandes quantidades de água e de elementos fertilizantes, possuindo a capacidade de liberar facilmente a água e os nutrientes para as plantas em função dos ciclos absorção/liberação.

Mesmo com a seca do solo, o gel pode continuar hidratado por quase trinta dias, fornecendo a água necessária para o pegamento das mudas recém-plantadas, o que viabiliza o plantio do eucalipto de uma forma mais uniforme ao longo do ano. Tem ainda, a capacidade de realizar repetidas absorções e liberações de água ao longo de um período de cinco anos, com conseqüências favoráveis para o desenvolvimento da floresta e sua capacidade de rebrota.

Segundo os principais fornecedores do produto, o gel apresenta ainda, outras conseqüências positivas na formação da floresta, como:

- Aumenta o enraizamento
- Melhor aproveitamento do fertilizante
- Limita as perdas de água e de nutrientes por lixiviação
- Reduz a evaporação de água do solo
- Reduz mortalidade de replantas
- Melhora as propriedades físicas dos solos deixando-os mais arejados
- Favorece crescimento das plantas. A água e os nutrientes estão permanentemente
à disposição no sistema radicular otimizando assim a absorção pela planta
- Melhora a fixação do nitrogênio
- Diminui o estresse hídrico
- Evita o excesso de H2O na planta
- Aumenta a capacidade de catiônica (CTC )
- Melhora a aeração do solo

Veja mais em http://www.hydroplan-brasil.com/


terça-feira, 15 de junho de 2010

Produção de Florestas NOVAS técnicas que derrubam VELHOS mitos sobre o eucalipto

Em 1965 a produção de biomassa de madeira com florestas de eucalipto não passava de 10 metros cúbicos de madeira por hectare ao ano. Através de um notável salto tecnológico, nos últimos 40 anos essa produtividade cresceu cerca de 5 vezes, levando o Brasil a dispor da maior produtividade em todo o mundo. Mas isso não aconteceu por acaso.

No início da década de 70, a ocorrência de fungos que inviabilizava o uso comercial de alguns eucaliptos despertou a necessidade de um melhor desenvolvimento genético das espécies plantadas na época, visando a obtenção de árvores mais resistentes. Assim, começaram a surgir gerações mais avançadas de E. Grandis, E. Urophylla e E. Salígna, bem como a introdução de novas espécies de comprovada resistência, como o E. Camaldulensis. Surgiram também as espécies híbridas e os clones, por meio de técnicas que envolvem a seleção de plantas com melhor desempenho e seu intercruzamento ao longo de sucessivas gerações.

Os viveiros passaram a efetuar o controle químico de doenças na fase de produção de mudas, tornando-as resistentes aos fungos e bactérias de suas regiões de atuação. Outras práticas também foram sendo introduzidas, como a utilização de água pura e de substratos calcinados a 700o C, desinfecção de ferramentas de poda, de bandejas e de tubetes, técnicas avançadas de adubação foliar com ativação enzimática, bem como um controle adequado da irrigação.

No plantio do eucalipto no campo, passou-se a adotar um modelo de preparo do solo definido como subsolagem de mínimo impacto, que não provoca inversão das camadas superficiais do solo e o mantém protegido pelos resíduos vegetais da colheita (folhas, galhos, raízes e cascas).

Embora a legislação ambiental ainda seja um óbice, a adoção de práticas como o plantio de blocos de eucalipto entremeados com matas nativas, bem como os corredores ecológicos de eucalipto que ligam fragmentos de florestas nativas isoladas, reduzem sobremaneira os impactos sobre o meio ambiente. A presença das reservas nativas permite também maior proteção ao próprio eucalipto, pois elas garantem a conservação de vários inimigos naturais de pragas e doenças que ameaçam as florestas plantadas (http://www.aracruz.com.br/eucalipto/pt/eucalipto.html).

quarta-feira, 9 de junho de 2010

NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO: Uma Legislação com os pés no chão desse imenso Brasil

As mudanças propostas para um novo Código Florestal Brasileiro foram apresentadas ontem, na Câmara dos Deputados, em Brasília. O texto do projeto de lei, elaborado pelo deputado e relator Aldo Rebelo (PCdoB/SP), pode ser entendido como uma espécie de ajustes da legislação vigente ao estágio atual do desenvolvimento tecnológico da silvicultura e do agronegócio. São mudanças que colocam o Código Florestal com os pés no chão e tornam a preservação ambiental cada mais possível de ser efetivamente buscada. Um desses exemplos é a opção que o produtor poderá dispor para cumprir a exigência de preservar uma área através de uma reserva florestal coletiva, ou seja, poderá desmatar a área que deveria ser preservada em sua propriedade, de acordo com o código florestal atual, e preservar esta área em uma das reservas coletivas atualmente mantidas pelos estados, união ou empresas privadas. Como se fosse um aluguel de reserva averbada daquela terra que ele está usando para produzir.

Sabemos de algumas leis brasileiras que não são cumpridas. Algumas, porque o cidadão não consegue entender para o que elas existem. Outras, porque apresentam um exagero tal que acabam desqualificando a sua própria aplicação. Por exemplo, um pequeno produtor que tenha uma propriedade nas margens de uma represa ou que é cortada por um rio, não entende porque o código atual determina que as margens dos cursos d’água sejam protegidas por uma mata ciliar entre 30 e 500 metros. Porque ele vê no seu dia-a-dia que não há necessidade de tanto, o que o deputado Aldo Rebelo também viu e assim propôs a redução consciente dessa mata ciliar para até cinco metros.

Outra proposta interessante do novo código é a de manter os percentuais de preservação de diversos biomas no País, porém, dando aos estados flexibilidades para decidir onde estarão estas áreas.

Como era de se esperar, parte da imprensa deu ênfase à proposta com uma certa pitada de critica destrutiva. Que a proposta “prevê aliviar compromissos ambientais dos grandes produtores” ou que ”não limita a monocultura do eucalipto responsável por desmatar milhares de hectares de mata atlântica no Espírito Santo, ocupar topos de morros em São Paulo, entre outros impactos gerados em Minas Gerais, Bahia e Sul do País”.

No entanto, essa imprensa não enumerou nenhum desses impactos, provavelmente porque alguns deles podem ser vistos como positivos: (1) o fato de que o setor de celulose há muito tempo não desmata florestas nativas, pois toda a madeira que utiliza é oriunda de reflorestamento de eucaliptos; (2) porque o setor siderúrgico também está bem próximo de atingir a mesma autosuficiência para a produção de carvão siderúrgico como redutor de ferro gusa e produção de aços especiais, em substituição ao carvão mineral das minas insalubres (altamente danosas à saúde do trabalhador) da região sul do País.

Provavelmente, a aprovação desse novo código pelo Congresso Nacional, poderá ser um marco mais significativo para a substituição das madeiras oriundas do desmatamento da Amazônia, pelas madeiras de reflorestamento. Pois não é razoável se falar em preservação da Floresta Amazônica enquanto não se dispor de outra fonte capaz de suprir os quase 200 milhões de m3 de madeira consumidos anualmente pela nossa indústria madeireira.


sábado, 15 de maio de 2010

UMA IMAGEM INCÔMODA

No Brasil, a extração de madeiras migra muito lentamente das florestas nativas para as áreas reflorestadas, o que nos confere uma imagem incômoda de grandes derrubadores de florestas. E não é para menos, pois segundo a FAO (2001), a área de florestas plantadas no Brasil (milhares de ha) é extremamente pequena se comparada com outros países:

Brasil

Japão

EUA

Russia

India

China

4.982

10.682

16.238

17.340

32.578

45.038

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rentabilidade atrai investidores para o mercado de eucalipto
Fonte: Bruno Sales/Campo News

Cansados de apostar na agricultura ou na pecuária, muitos produtores rurais estão migrando para o plantio de eucalipto, uma cultura que demanda planejamento, pois o primeiro corte ocorre no mínimo cinco anos após o plantio. O setor é responsável atualmente por 6% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

Segundo o levantamento feito pela Abraf (Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas), entre os anos de

2005 e 2008 a área com a cultura cresceu 878,5 mil hectares, ou seja, passou de 3.407,2 mil hectares para 4.285,7 mil hectares.

Para atender essa demanda, as principais empresas do setor, como a Eucatex, possuem seus próprios viveiros de mudas,

que abastecem as áreas de plantio da empresa e de seus parceiros. Hoje, o viveiro da empresa, em Bofete (SP), é

responsável pela produção anual de 15 milhões de mudas e passará por ampliações, para produzir 23 milhões de mudas

por ano.

“As mudas de eucalipto são produzidas através do sistema de miniestaquia, método de propagação vegetativa por

enraizamento de estacas, que gera clones de alta produtividade. As mudas são expedidas livres de doenças,

com sistema radicular ativo, e rustificadas, o que garante uma melhor sobrevivência no campo. A produção de mudas

também pode ser feita a partir de sementes melhoradas”, explica Hernon José Ferreira, gerente da Eucatex Florestal.

Produtores autônomos também contam com viveiros particulares, como a Flora Pison, em Salto (SP). Boa parte da

produção da empresa é destinada a indústrias de reflorestamento, como a Votorantim Celulose e Papel e a

Eucatex, mas a empresa também atende clientes particulares.

“Atualmente, 80% das nossas mudas são destinadas ao plantio corporativo de grandes empresas, mas

20% da produção fica com uma clientela significativa, formada por sitiantes e fazendeiros, que cansados

com a baixa rentabilidade de outras culturas, apostam na rentabilidade garantida do eucalipto”, avalia

Horácio Luz, engenheiro florestal e gerente técnico da Flora Pison.

Mercado

Batizado de ‘poupança verde’, o mercado de eucalipto tem se mostrado um excelente investimento.

Raramente ocorrem oscilações de preços. Para o investidor que tem uma propriedade rural e algum

dinheiro em caixa, a melhor opção é bancar os custos de plantio e manutenção, que são maiores

no primeiro ano, e nos anos seguintes somente é necessário a manutenção, como acerramento da

área de plantio, por exemplo.

Segundo a Bolsa e Mercado Futuro do setor, a madeira serrada tem mostrado uma tendência de

alta. Em setembro deste ano, a cotação era de US$ 176,8 por mbf (mil pés quadrados equivalem a

92,90 metros quadrados). Para contratos em julho de 2010, o valor está em US$ 220,2 por mbf.

Para a indústria, o mercado mundial está em crescimento. Quando começou a ser registrado, em

novembro de 2002, o valor da celulose de fibra curta não parou de crescer. Inicialmente a

tonelada era cotada em US$ 490,00 e atingiu o auge em setembro de 2008, valendo US$ 850,42 a

tonelada.

Neste ano, em razão da crise mundial, houve uma queda nos preços da celulose de fibra curta,

sendo a menor baixa registrada em maio, pelo valor de US$ 502,00. O mercado reagiu e neste

mês a tonelada está sendo cotada a US$ 702,00.

“Não existe melhor investimento na atualidade do que o plantio de eucalipto, pois a rentabilidade

chega até 35% ao ano. Não existe investimento no mercado de ações que cubra esses valores.

Cabe ao produtor procurar uma empresa idônea, que dê uma consultoria técnica, auxiliando na

escolha da variedade ideal do eucalipto, além disso, que garanta a qualidade da muda produzida”,

comenta Luz.


Manejo de florestas de eucalipto para usos múltiplos:

Fonte: REVISTA DA MADEIRA / nº 75 - ano 13 - Agosto de 2003

A produção tradicional de eucalipto no Brasil tem se utilizado do sistema de corte raso aos 6 ou 7 anos de plantio, seguido de condução da rebrota por mais 1 ou 2 rotações. O principal mercado dessa madeira são as empresas que a transformam em celulose, chapas e, principalmente, carvão vegetal para uso siderúrgico, geralmente em regimes auto-sustentados e verticalizados. Produzida em alta escala para atender à demanda acelerada desse parque industrial, essa madeira, destinada a processos transformadores destrutivos, tem como maiores parâmetros de avaliação o volume produzido por área/tempo( produtividade), a densidade básica e algumas características tecnológicas ligadas ao produto final, como teor de carbono fixo( carvão) e dimensões de fibras (celulose).

Dentro desse quadro, quase não houve espaço para o desenvolvimento de florestas de eucalipto que visassem à produção de madeira chamada nobre, obtida em serrarias, para uso em carpintaria e marcenaria, como móveis, portas, janelas, esquadrias, pisos, peças estruturais e revestimentos. Este uso difere bastante daquela produção para a indústria de transformação já citada, pelo fato básico de que a madeira é utilizada na sua forma sólida e o produto final expõe as características externas da madeira. É óbvio que a obtenção dessa madeira de alta qualidade e com propriedades variadas para cada uso implicará na adoção de métodos silviculturais de manejo bem específicos.

A potencialidade de uso do eucalipto como madeira serrada não é nenhuma novidade, tendo sido bastante enfatizada desde a sua introdução no Brasil, conforme exposto por Navarro de Andrade. Outros países, como a Austrália, Argentina, Chile, Espanha já vêm usando a madeira na sua forma sólida, com excelentes resultados. A concepção, no entanto, por comparações com o porte e tradições de uso das madeiras nativas, recomendava um manejo de ciclos longos, superiores a 30 ou 40 anos, para obtenção de toras grossas e cernes coloridos, além de uma maior estabilidade da madeira.

Um dos principais fatores que sempre atrasou o emprego bem sucedido do eucalipto em marcenaria e carpintaria foi a abundância de madeiras nativas, de excelente qualidade e a preços reduzidos. A própria literatura de engenharia civil e de tecnologia de madeira utiliza exaustivamente exemplos baseados em madeiras nativas, como o cedro, peroba, imbuia, ipê e jacarandá. O que se viu ao longo dos anos foi a exploração desenfreada das florestas nativas de todo o território brasileiro. As conseqüências diretas têm sido a grande elevação dos preços e a perda de sua qualidade, com a diminuição da oferta e com as grandes distâncias entre as fontes de produção e as fontes de consumo, com fretes mais caros que a própria madeira, forçando a substituição de fontes mais nobres de outrora por espécies de menor qualidade, além de grande heterogeneidade do material . É prática comum a mistura de espécies nativas semelhantes sob o mesmo nome comercial.

A alternativa mais viável, a curto prazo, para substituir a madeira de espécies nativas e atender à demanda sempre crescente é o eucalipto. Excelentes produtividades em amplas áreas reflorestadas, pleno domínio das tecnologias de produção de sua madeira e a certeza de gerar grandes volumes que atendam às indústrias madeireiras e ao mercado moveleiro, conferem uma posição ímpar ao eucalipto.

Usos múltiplos

Em geral, as empresas de reflorestamento realizam seus empreendimentos com objetivos industriais muito bem definidos. Ao se realizar o plantio, já se define o destino do material a ser produzido. Muitas vezes, no entanto, as condições econômico-financeiras, crises setoriais ou excesso de oferta prevalescentes na época de exploração da floresta forçam a busca de mercados intermediários e usos alternativos para a madeira produzida. O grande estoque de madeira de eucalipto, atualmente disponível, com idades e diâmetros maiores, é remanescente desses plantios antigos, cuja utilização final (serraria e laminação) é bem diferente daquela proposta no início.

A grande maioria das florestas com eucaliptos no Brasil é manejada para produção de rotações curtas (sete a oito anos), para a produção de celulose, carvão vegetal e painéis. Tais florestas são implantadas, na sua maioria, levando em consideração apenas a produção de biomassa e o rendimento volumétrico. Várias são as razões para que o eucalipto possa ser indicado como alternativa de oferta de madeira para inúmeros usos. Apesar de a maior parte de suas florestas estar comprometida com a produção de madeira para os denominados usos tradicionais: celulose, papel, chapa de fibras, carvão vegetal e lenha, espera-se que uma parcela possa ser destinada a outras aplicações madeireiras. O potencial do eucalipto, em relação ao número de espécies, proporciona também um importante leque de alternativas para a obtenção de madeiras com diferentes características tecnológicas. Por certo, serão encontradas espécies que substituirão, com vantagens, as madeiras atualmente em uso. Vem daí o crescimento do interesse pelos conhecimentos existentes sobre o eucalipto diante do chamado uso múltiplo da madeira.

O potencial de utilização múltipla da madeira de eucalipto cresce sobremaneira se toda a versatilidade do gênero for utilizada. É necessário que os conceitos tradicionais sejam revistos, reavaliando-se as espécies selecionadas e as técnicas de implantação, manejo, exploração, processamento e uso.

No hemisfério norte, é prática corrente o uso múltiplo das florestas e da madeira. Numa mesma área plantada, pode-se ter vários padrões de madeira, com vários usos. Em geral, são feitos desbastes periódicos, acompanhando o desenvolvimento da floresta. No caso do eucalipto, já aos quatro anos, é feita a primeira intervenção na floresta, retirando-se grande parte das árvores. As árvores remanescentes produzem madeira de alta qualidade e isto se reveste de importância estratégica, na medida em quer ocorre uma valorização da madeira de eucalipto. Simultaneamente, as áreas destinadas à produção madeireira oferecem outros benefícios, destacando-se a contribuição para melhorar o equilíbrio ecológico, através do sub-bosque mais denso e diversificado, além de uma ciclagem de nutrientes mais efetiva. Essas florestas oferecem um ambiente mais estável à fauna por um prazo maior, que pode ser manejado num sistema de mosaicos, entremeadas aos reflorestamentos convencionais, com vantagens evidentes. Além disso, cria-se uma excelente alternativa para harmonizar a produção florestal rentável com a conservação ambiental. É preciso, no entanto, compatibilizar os aspectos operacional-econômico e o silvicultural-ecológico, fazendo-os atuam em sinergia.

Os desbastes são cortes parciais feitos em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção de madeira de melhor qualidade. Os desbastes são executados por diversos motivos, entre eles: incrementar a produção de madeira, melhorar a qualidade do produto final, aumentar a rentabilidade da floresta e diminuir os riscos de prejuízos causados por ventos, incêndios de copas e ataques de pragas e doenças. Através de cortes intermediários, é possível obter madeira, gerando renda para manter a cultura, por um tempo maior e, no corte final, ter uma madeira madura, de excelente qualidade. Os desbastes deverão ser complementados com operações de desrama, para produção de madeira isenta de nós.

As primeiras intervenções com desbastes em florestas de eucalipto, no Brasil, foram feitas no início do século, nos diversos hortos da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, no estado de São Paulo. Visavam à produção de madeira para usos múltiplos, desde a lenha para combustível nas locomotivas até moirões de cerca e postes margeando a ferrovia, fornecendo, ainda, os dormentes e o madeiramento para construção das estações e vilas, ao explorar reflorestamentos com idades mais avançadas.

As bases para condução dos eucaliptos através dos desbastes podem ser, assim, resumidas:

a) existem espécies que respondem melhor às práticas de desbaste que outras;

b) os desbastes moderados e frequentes são preferíveis aos fortes e espaçados, devendo a área por árvore aumentar mais rapidamente na fase juvenil, pois as respostas são muito melhores do que no estado adulto;

c) os desbastes precoces ou exagerados são inconvenientes por prejudicarem a formação da copa, estimularem as brotações laterais indesejáveis e sujeitarem as árvores delgadas à ação danosa dos ventos, sem permitir adaptação gradativa;

d) Os espaçamentos iniciais mais amplos não substituem os desbastes sucessivos, pois compromete a forma das árvores, o volume total será menor e os defeitos da madeira ficarão mais acentuados e irremediáveis .

Algumas empresas florestais brasileiras já vem adotando os desbastes em seus reflorestamentos. Tal prática é feita com acompanhamento minucioso de inventário qualitativo e quantitativo das áreas em questão, através de um plano de regulação da floresta. Existem dois métodos que são mais colocados em prática, utilizados unicamente em sítios considerados bons:

1) O método consiste em se fazer duas a três intervenções na floresta, aproximadamente, aos 4, 7 e, quando possível, aos 10 anos de idade, retirando-se 40, 30 e 30%, respectivamente, das árvores. Deve-se retirar as árvores dominadas, tortuosas, mais finas, bifurcadas, com defeitos, privilegiando as melhores árvores. A definição dessas árvores é pelo método seletivo, acrescido da sexta linha de plantio que deverá ser sistematicamente retirada, para fins de exploração.

Experiências no Rio Grande do Sul propuseram o seguinte regime de desbastes para Eucalyptus grandis, plantado num espaçamento de 3,0 x 2,0 m (1667 plantas):

- Primeiro desbaste (aos 4 anos ) – deixar 950 plantas/ha;

- Segundo desbaste (aos 8 anos) – deixar 475 plantas/há;

- Terceiro desbaste (aos 11 anos) – deixar 238 plantas/ha;

- Corte final – aos 20 anos, com produção prevista de madeira para o final do ciclo de 540 m3/ha, sendo 275 m3 para serraria, 130 m3 para laminação e 135 m3/ha para outros usos.

Algumas empresas vêm realizando desbastes em suas florestas, visando à produção de madeira de qualidade para serraria e laminação.

2) O segundo método consiste em selecionar as melhores árvores, isentas de defeitos, em número de 200 a 300 árvores por hectare e não derrubá-las por ocasião do primeiro corte, que deve acontecer por volta dos 7 anos; Todo o material cortado deverá ser retirado da área para permitir a regeneração das cepas e aproveitar a brotação que crescerá juntamente com as árvores poupadas; aos 14 anos, pode-se fazer nova intervenção da floresta, retirando-se o material da brotação, mas poupando as melhores árvores que ficaram na área. Proceder finalmente um raso em toda a área, por volta dos 21 a 23 anos. As vantagens desse método, denominado “exploração com remanescentes” são comprovadas pela literatura, onde se obtém madeira para serraria com qualidade ao final dos três ciclos; a madeira de diâmetro inferior pode ser usada para carvão, celulose, painéis, lenha, moirões e outros usos. O método não pode ser aplicado em sítios arenosos (pobres) e não deve ser usado para algumas espécies, como o Eucalyptus saligna, intolerantes à regeneração sob estrato superior.

Resultados esperados

A EMATER-MG, utilizando um estudo de simulação para manejo de florestas sob uso múltiplo, apresentou os seguintes dados:

- Dados de manejo convencional, em sistema de corte raso aos 7 anos, com incremento médio de 30 st/ha/ano, espaçamento de 3 x 2m, com maciços de 1666 árvores/ha, com um índice de perda de 10%, e um valor final de R$ 5,00 por estere de madeira .

- Dados de manejo para uso múltiplo, em sistema de desbaste seletivo aos 7 anos, com 600 árvores remanescentes com incremento médio de 30 st/ha/ano, espaçamento de 3 x 2 m, com maciços de 1667 árvores/ ha, com um índice de perda de 10%, um valor final por árvore de R$ 17,50.

Face à grande demanda de madeira com maiores diâmetros e idade superior a 15 anos, fala-se em R$ 70,00 a 80,00 o preço do metro cúbico da madeira em toras; no Paraná (leia-se Klabin), o custo é de R$ 100,00 a tonelada. A madeira de eucalipto serrada e seca da Aracruz tem preços que variam de R$ 1300,00 a 450,00 o metro cúbico. Em todas as situações, a taxa interna de retorno é muito superior a qualquer alternativa de utilização da madeira.

sábado, 3 de abril de 2010

Não tem o menor fundamento a informação de que os eucaliptos consomem mais água que outras culturas tradicionais.

Nem tampouco que as raízes dos eucaliptos são profundas, pois elas não passam de 2,5 metros e nem que precisam ser arrancadas com tratores pois o eucalipto é sabidamente uma das madeiras que biodegradam rapidamente na umidade da terra e transformam-se rapidamente em matéria orgânica (porisso que os mourões precisam ser tratados em autoclave). Gostaria de sugerir que os arautos da ecologia vissem os anais da IUFRO 2007, onde tratou-se do plantio de eucaliptos para recuperação de terrenos em processo de desertificação, inclusive com lençol freático salino. Poderiam ainda, visitar o site http://www.clonal-solutions.com.au/products/saltgrow/, de uma empresa australiana que se dedica justamente a esse tipo de recuperação de solos com eucaliptos. Seria bom que também visitassem o campus da ESALQ-USP em Piracicaba (SP), onde se monitora o lençol freático sob uma floresta de eucalipto a mais de 20 anos, com o diagnóstico de que o comportamento desse lençol tem o mesmo comportamento dos relacionados às florestas nativas em geral. De acordo com o pesquisador José de Castro Silva, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), “quando se analisa o balanço de água numa floresta, deve-se levar em consideração a interceptação, evaporação, transpiração e escoamento superficial da água. A maioria das críticas ao eucalipto é relativa à transpiração. Mesmo dentre as diferentes espécies do gênero Eucalyptus, existem diferenças marcantes. O Eucalyptus camaldulensis, espécie muito plantada no cerrado mineiro, onde a deficiência hídrica é elevada, apresenta uma transpiração muito baixa, quando comparada com Eucalyptus urophylla e Eucalyptus pelita. Alguns pseudocientistas chegaram a afirmar que o eucalipto poderia consumir até 360 litros de água por dia. Num espaçamento de 2 x 2 metros, isso equivaleria a uma evapotranspiração diária de 90 milímetros, o correspondente à cifra astronômica de 16.425 milímetros anuais. Por certo, tais valores são irreais e contrariam todas as bases científicas, levando-se em conta a quantidade normal de energia solar disponível para a evaporação da água, onde o limite máximo de evapotranspiração anual é de 1.500 milímetros anuais e a ação dos estômatos que realiza efetivo controle biológico do processo de transpiração da planta”. O que precisamos é de projetos adequados de reflorestamento. Pois já dispomos de experiência e de tecnologia suficientes para conviver bem com essa cultura exótica, a semelhança do que já vimos fazendo com o café, milho, arroz, feijão, batata, soja, capim brachiaria, cana de açucar etc...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A terrível crise existencial do setor florestal no Brasil

O FILHO DO MEIO

As plantações florestais no Brasil enfrentam um dilema digno de assistência psicológica, pois padecem de uma terrível crise existencial. Se por um lado seu perfil eminentemente agrícola - plantio, tratos culturais, colheita e comercialização – as caracteriza como um componente do agronegócio, em sentido oposto seu produto natural é um conjunto de árvores e, como tal, são consideradas florestas. Nas trincheiras do agronegócio, as plantações florestais são discriminadas porque não participam do crédito agrícola, não possuem seguro para frustração de safra, não têm acesso a crédito para colheita e comercialização e os juros, nos poucos organismos que financiam a atividade, são maiores que os praticados para outras culturas e pecuária.

Se, buscam abrigo no universo das florestas, são rotuladas de monocultura e acusadas de não apresentarem a biodiversidade de uma floresta nativa, de serem formadas por espécies exóticas, de não favorecerem a fauna, de degradarem o solo, dentre outras afirmações que, apesar de não resistirem a uma análise científica, estão materializadas em leis e atos administrativos do poder público e cristalizadas no imaginário popular.

Essa situação assemelha-se à do irmão intermediário numa família de três filhos. A mãe, educadora por natureza, cuida para que desde menino o primogênito seja treinado e educado para ser homem, dando-lhe liberdade e despertando nele sentimentos precoces de masculinidade e virilidade, sendo-lhe proibidos, entretanto, comportamentos que indiquem fraqueza, medo ou covardia. O filho mais novo, por outro lado, é sempre muito protegido.

Terá um futuro promissor, seja no comércio, na política, nas atividades acadêmicas, eclesiásticas ou outras de igual brilho e importância. Para dedicar-se aos estudos, a mãe cuida para que não perca tempo com lazer, boemias, namoro ou quaisquer outras atividades que lhe desviem a atenção.

O filho do meio pode encarnar tanto a sina do irmão mais velho quanto a do mais moço. Entretanto, o que mais o caracteriza é que estará sempre sendo tolhido pelas restrições que são impostas acima e abaixo: "Aos dois mais velhos não é permitido chorar, porque são homens". Aos dois mais novos não é permitido sair à noite, porque são crianças".

As plantações florestais são como o filho do meio. Num extremo arcam com todos os problemas inerentes ao agronegócio e não se beneficiam em nenhum momento das benesses concedidas a esse setor. Na outra ponta sofrem todas as restrições e controles impostos ao uso de florestas nativas, ao mesmo tempo que carregam a pecha de impactar negativamente o meio ambiente, não podendo "curtir" o privilégio de ser floresta. Nos cursos de Engenharia Florestal existe um tema denominado fitossociologia.

Que os cientistas debrucem-se sobre a matéria e iluminem os legisladores e administradores públicos, porque os produtores florestais estão começando a assimilar a síndrome da plantação florestal, cujo sintoma é o desabastecimento de matérias-primas florestais no mercado e a conseqüente pressão sobre as matas nativas.

Aí, salve-se quem puder!

Fonte: ABRACAVE - Associação Brasileira de Florestas Renováveis - www.abracave.com.b

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Nagoya 2010 vai ser um Vexame GlobaL

ESSE NEGÓCIO DE REDUZIR O DESMATAMENTO FOI “CONVERSA PRÁ BOI DORMIR” ???

Em 2003, a estimativa da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) mostrava que o consumo de madeira no Brasil era da ordem de 300 milhões de m3 / ano, dos quais apenas 100 milhões eram oriundos de florestas plantadas, fundamentalmente para a produção de celulose. Com um crescimento consistente de mais ou menos 5% ao ano, é provável que o déficit ainda esteja próximo dos 300 milhões de m3 / ano, mesmo a despeito do que vem sendo plantado para a produção de carvão siderúrgico.

No mais importante acordo internacional para gestão da fauna e da flora do planeta (CDB), o governo brasileiro fez graça ao assumir para 2010, a meta de zerar o desmatamento da Mata Atlântica e reduzir em 75% o desmatamento da Amazônia. Um acordo que não será cumprido, por uma razão muito simples: não temos outra fonte de madeira que não seja a oriunda de desmatamentos.

E, não poderia ser diferente, pois não dispomos de políticas públicas que incentivem a produção de madeiras de reflorestamento capazes de substituir as madeiras da amazônia. Muito pelo contrário, o setor brasileiro de florestas plantadas tem sofrido limitações graves que dificultam a sua expansão e consolidação, com uma legislação complexa e discriminatória que limita o uso da propriedade para produção de madeira em ciclos mais longos. O que um pobre mortal tem dificuldades para entender, num País onde já temos mais de um milhão de km2 de áreas suscetíveis à desertificação, com uma parcela significativa já num estágio avançado de degradação.

Quem sabe, poderíamos aproveitar a viagem até a próxima Copa do mundo e aprender um pouco com a África do Sul que desde a Conferência da IUFRO (DURBAN/2007) vem recuperando suas terras degradadas com o plantio de espécies híbridas resistentes, como uma forma de produzir madeira com alto valor agregado sem competir com a produção de alimentos. Dentre elas, uma nossa conhecida e pronta para ser escalada para entrar nesse jogo: E.camaldulensis x E.grandis.

Gisele Bündchen é "o cara"

O discurso de Gisele Bündchen como embaixadora da ONU para o meio ambiente foi curto e grosso. E, penso que todo mundo que quis ouvir, pode entender a sua mensagem com muita clareza. Quase um desabafo que permito-me resumir mais ou menos assim: "... o meu País não tinha ciclones extra-tropical, nem tornados, nem ventos de 100 km/h e nem tampouco tantas enchentes como temos visto nos últimos anos, MAS AGORA TEM TUDO ISSO COM MUITA FREQUÊNCIA!".

Gente, acredito que esse tenha sido o diagnóstico mais convincente que se pode ouvir nos últimos anos sobre o resultado dos descasos ambientais em todo o mundo. Uma assertividade que transforma muito do que se tem dito por aí, em meras baboseiras que quase sempre acabam por desviar a nossa atenção do foco principal dos verdadeiros problemas.